quarta-feira, 15 de dezembro de 2010









Humano tolo. Está se afogando no lago, implorando por ajuda e eu aqui, apenas o observando morrer lentamente. Hoje é domingo, o dia mais parado aqui em Wishdown. Levantou-se cedo e pegou os brinquedos e foi levar o totó para passear, haja paciência.

O corpo de Joe, o gato, espreguiçava-se demoradamente na beira do lago. Sim, ele parecia um gato normal, a não ser pelo fato de que todos os 14 donos que ele já teve, morreram curiosamente, e nunca foram encontrados.

Lá vem o idiota filho, seu “fiel escudeiro”, o cão. Como eu odeio esse Doug, tem raça de dálmata, mas tem alma de vira-lata. Isso é tão patético, ele correndo atrás do próprio rabo. Nem percebeu que seu dono sumiu. Quanto amor hein Doug! Só o ama quando ele vem lhe coçar a barriga. Eu já não escondo meu ódio pelos humanos. Tipinho mais sujo que existe, quanta falsidade, quantas mentiras, quanta ganância!

O que Joe mais desejava? Dominar o mundo. Dominar as pessoas e os cães. Joe estava na sua estrada, atrás de seu sonho, lutando, batalhando para ter o que realmente quer. Se pelo menos a maioria dos humanos tivesse esse sentimento de ir atrás do que quer e pensar menos nas “verdinhas”, o mundo seria um lugar bem melhor. Por enquanto, 14 humanos não quiseram seguir suas regras, e tiveram o fim que mereciam. Joe não desistirá tão cedo.

...

14º - Marie Jeffman
15º - Joseph Ringo

16º - Katherine Wars

terça-feira, 30 de novembro de 2010



Dear Sam,

Desde quando você se foi (mas não foi por inteiro, deixou uma parte sua comigo, e levou o meu coração), a morte se tornou meu mais desesperador e sufocante desejo. Se tornou minha melhor amiga, na verdade. Sempre estou perto dela, querendo ficar com ela para sempre.
Ouço palavras que sussurram em meus ouvidos, silenciam meus gritos, pedidos de socorro, pedidos de morte, sinceras e solenes desculpas, e últimos adeus. Só estarei bem quando eu estiver com você novamente, podendo mergulhando nessa imensidão sem fim, que você chama de olhos, lindos olhos verdes. Quero te amar lentamente, para sempre, sem pressa, do jeito que tem que ser.
A brisa balançando levemente minha saia, me traz seu doce cheiro. Seu cheiro que ainda está em meus lençóis, meu sofá, minha mente. Não sei lidar com a saudade, não sei lidar com o amor, não sei lidar com a perda. Você não me ensinou a lidar com essas coisas. Você me deixou muito cedo. Isso não é certo, é?

If you die tonight, please wait me on the other side.


O banheiro está cheio de sangue, Sam. Me espere, por favor, estou chegando. Quero continuar a viver, ou melhor, quero ter uma morte eterna ao seu lado.
Talvez você perceba que eu nunca vou deixa-lo ir.

Demônios


O que tinha acontecido eu não fazia a mínima idéia. Era um quarto escuro, eu não conseguia enxergar um palmo a minha frente. Meus pulsos estavam presos em uma algema, e esta estava presa à uma cadeira chumbada ao chão. Eu podia sentir o gosto de sangue na minha boca. Minha perna formigava levemente, o que me levava a crer que ali havia um corte. Meu braço, eu podia ver, estava quebrado. Minha cabeça doía muito, era difícil ter qualquer pensamento. Eu sabia muito bem o que tinha feito para conseguir todos esses machucados. Mas eu não tenho culpa, é uma doença, eu preciso ser tratado. Pedofilia. Eu realmente preciso de alguém que me ajude, eu quero ser curado, não preciso de alguém que me mate, que me cause mais dor. Talvez isso pareça irônico, por eu ter causado dor, sofrimento e angústia a várias crianças, mas quando isso acontecia, eu estava fora de mim, eu nem me lembro claramente. Acho que um demônio me possuía. Talvez esse seja o fim mais ideal para mim. Só me resta aceitar a dor.
E ali eu esperava a minha pena de morte.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

LoveBomb



(02:00) Tic tac, tic, tac...
Pude ver seus olhos verdes e profundos tão concentrados enquanto ela lutava contra o tempo.

(01:54) Tic tac, tic, tac...
Aqueles olhos que me lembravam tantas coisas... o oceano, a praia, tão bela no primeiro dia em que a vi, e me perdi totalmente em seus braços. Mas agora não era momento para fechar os olhos e sorrir ao lembrar de nossos beijos quentes na areia da praia.

(1:32) Tic tac, tic, tac...
O tic tac era desconfortavelmente irritante no meio daquele silêncio todo. Suas mãos ágeis, que eu conhecia muito bem, estavam se mexendo rápido, tentando desvendar a solução, tentando descobrir qual era o fio certo a ser cortado. O vinco formado em sua testa a deixava muito mais charmosa, e ah, como eu adorava aquilo.

(01:00) BOOM! Gritos. Tiros. Sangue. A bomba no prédio ao lado explodiu antes do tempo. Cortaram o fio errado, com certeza. Olhei pela janela do último andar e pude ver o prédio, ameaçado com um ataque terrorista mais cedo, desmoronar feito castelo de areia. Voltei para o lado da minha musa, precisávamos fazer algo.

(00:45) Tic tac, tic, tac...
Fio verde ou vermelho?

(00:40)
Verde. A cor da grama, da esperança. Verde a cor de seus olhos. A cor do oceano.

(00:30)
Vermelho. A cor do sangue, da rosa. Vermelho a cor de sua lingerie. A cor do nosso amor.

(00:19)
Tic tac, tic tac...
Vermelho. Com nossas mãos entrelaçadas, seguramos juntos a tesoura. Já estava na hora de acabar com essa brincadeira

(00:07)
Tic tac, tic tac...
A tesoura se fechou, maciamente sobre o fio vermelho.

(00:03)
Silêncio. Nossos lábios se tocaram, comemorando mais uma missão completa.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sangue e tatuagem


Resolvi entrar com o pé direito, quem sabe o que poderia dar errado. Dar errado. O que mais me assustava era isso: E se algo desse errado?

Meus olhos nervosos encontraram os olhos atenciosos da sorridente e simpática atendente.

– Oi, eu marquei hora com o David. – Falei, tentando não tremer a voz.

– Ah, você é o Charlie, né? 13:00h. – Ela disse, enquanto checava os horários na tela do computador. – Só espere um minutinho, e já começaremos a sessão. O David só está terminando de esterelizar o equipamento.

Acenei com a cabeça e ela sorriu tentanto me tranqüilizar, percebendo meu medo.

Acho que fiquei uns cinco minutos esperando, mas pra mim mais pareceram cinco anos. Já que eu estava ali, que terminasse logo.

– Eaí cara, pronto pra sua primeira tatuagem? – Um homem apareceu na porta. Não sei como era possível caber tantas cores na pele dele. – Você tem certeza né, pois tatuagem não é que nem escova permanente, ok?

– Ok, – respirei fundo – vamos lá.

Sentei naquela cadeira confortável demais, olhei a caneta de tatuar brilhante demais, que emitia barulho demais, e que me dava medo demais. Fechei os olhos e então começou. Parecia que eu estava sendo devorado por milhões de formigas! Ou melhor, parecia que elas andavam, ou nadavam, em minhas veias, tomando meu sangue com vontade. A dor era insuportável, e aquele zunido havia dominado meu cérebro. Reabri os olhos, já devia estar acabando.

... Sangue?

– O QUÊ VOCÊ TÁ FAZENDO, CARA? TÁ LOUCO? – eu me desesperei.

Meu braço sangrava, na verdade, ele estava pendurado por um tendão, ou seja, eu não tinha mais braço direito. David apenas olhava para o chão. Dei-lhe um soco, derrubando-o e deixando seus olhos de vidro, sem vida, voltados para mim. Seus dentes, agora amarelados, ficaram à mostra. Num rápido movimento, suas mãos, garras afiadas, estavam em volta da minha garganta e aquele seria o meu...

– GAROTO! Garoto, acorda! – Alguém gritava ao meu lado.

Me vi dentro do ônibus. Ah! Meu ponto estava chegando. Desci e parei em frente àquele lugar sombrio. David Tattoo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Anjos também amam


Eu a observava dia e noite, eu a protegia, eu a amava, eu a desejava. Mas eu não era o único a fazer isso. Lá na terra, eu podia ver um outro tipo de anjo a acompanhando, um anjo das trevas. Ah, como eu o invejava, por poder estar ao lado dela por quanto tempo ele quisesse, e assim que chegasse a hora, ele a teria em seus braços.
– O que fazes aí, Tom? – Ouvi o som da voz de Michel atrás de mim. – Ande, me responda, o que faz sentado na nuvem observando aquela humana?
– Eu... – eu precisava contar, já não suportava aquilo preso dentro de mim. – eu... acho que estou apaixonado, Michel.
Ele arregalou os olhos, acho que era a primeira vez que isso acontecia no céu. Pude ver a fúria nos seus olhos, e num segundo depois eu não sabia mais onde estava. Eu tinha desmaiado? Peraí! Eu estava no chão? Cadê minhas asas? Oh céus, ele me condenou a uma vida na terra.
Já que não tenho nada a perder, preciso saber o que aquela bela garota sente por mim. Procurei-a por todo lado, e avistei-a na saída de uma escola. Que formosura. Um largo sorriso tomou conta do meu rosto, e meu coração se encheu de felicidade.
– Olá, meu nome é Tom, posso falar contigo um instante, linda senhorita? – Ela me olhou desconfiada, mas seguiu ao meu lado em silêncio. Lá atrás pude perceber seus amigos rindo, não sei do quê.
– Diga rápido, porque meu tempo é muito valioso para perder com alguém como você.
– Ok, eu sou um anjo... quero dizer, era. E te vigiei, protegi e te amei por muito tempo. Você me ama?
Ela ria, por quê?
– Eu não te amo, nunca vou te amar. E vê se da próxima vez arranja uma cantada melhor, babaca.
– Cantada? – fiquei sem entender.
– Será que vou ter que desenhar pra você entender? – Ela deu um sorrisinho malicioso, puxou um garoto que passava por nós e o beijou.
Senti meu coração se partir enquanto ela limpava o batom borrado e seguia em direção aos seus amigos que gargalhavam mais alto ainda. Era uma dor muito intensa, eu não podia suportar aquilo. Senti algo mudar em mim... minhas asas! Voltaram!
Eu seguia em direção ao céu novamente, e olhei na direção dela. Ela estava caída no chão, e o anjo das trevas carregava sua alma do colo, levando-a para o inferno.
– Agora você entendeu porque não se pode apaixonar por um humano? – ouvi a voz de Michel mais uma vez, encarei-o fundo nos olhos e dei-lhe o abraço mais apertado, enquanto lágrimas rolavam pelo meu rosto.

Misto quente vs. Amor



“Como assim, ‘acabou o misto quente’?”
Eu repetia para a vendedora, impaciente.
Ela vinha com a desculpa de que o queijo estava em falta,
Eu sei, mas o presunto tava em alta.
“Misto quente sem queijo, não é misto quente”
Ela ousou dizer aquilo na minha frente.
Eu não ia deixar ela falar mau
Do meu misto quente, minha refeição final.
Já que era meu ultimo dia de vida
Eu precisaria aproveitar cada alimento e bebida.
Mc’Donalds era meu lugar favorito,
Onde eu me sentia bem, onde qualquer um se sente querido.
O melhor misto quente servido pelo Johnny
Meu “garçom particular”, um amigo, um grande homem.
Apenas ele sabia o que eu queria,
E não era só uma porção, um pedaço ou uma fatia.
Eu comia muito, ele já era acostumado,
Mas ele não sabia do desejo de tê-lo como namorado.
Agora é tarde demais, pois não há mais tempo, não há mais jeito,
O que me resta é morrer com esta dor no peito.
Este misto quente que estava em falta, seria meu companheiro,
Meu companheiro do estomago, de banheiro.
Johnny vinha em minha direção,
Disse que ia me arranjar um misto quente bem grandão.
Mal sabe ele da alegria que me proporcionara,
Nem o tanto que eu o amara.
Pelo estacionamento caminhamos,
Atrás do misto quente tão desejado, mas convenhamos,
Eu tinha outros pensamentos,
Outros lamentos.
Fiz o parar, bem na minha frente,
De modo eu que poderia olhar em seus olhos e ler sua mente.
Inclinei-me para seu lado, pensando naquele misto quente,
Que poderia ser substituído por um beijo ardente.
Nossos lábios se encostaram, mas já era tarde demais,
O câncer que destruira meus órgãos, me fizera fraca, não deixará este beijo ser selado jamais.
Em seus braços eu parei de respirar,
Dos meus olhos podia se ver uma lagrima rolar.
Uma lagrima de alegria por você ter-me levado para caminhar
Atrás do misto quente, meu favorito, que eu estava tanto a desejar.
Mas no caminho percebi que o meu favorito era amar.
O favorito que eu acabara de beijar.

Olhos vermelhos


Eu podia ver os olhos vermelhos brilhando na fresta do guarda-roupa, mas a escuridãonão me permitia enxergar que ser realmente era aquele. Mas ali parado eu não podia ficar né. Me desenrolei do edredom que me esmagava, me sufocava, e levantei-me lentamente para não assustar o que quer que fosse. Meus pés não queriam se mexer, mas eu os obrigava a sair do chão. Segurei a maçaneta firmemente, enquanto aqueles olhos me encaravam à altura. A porta rangia conforme eu ia puxando-a. Mas que coisa, aquele era eu. Ah não, era um espelho. O que o espelho estava fazendo no guarda roupa? Porque meu rosto estava cheio de cicatrizes?
Flashes vieram a tona na minha cabeça. Da tarde que eu estava a brincar no meu quarto e vi aquele ser místico, mágico sair do meu guarda-roupa. Pelo que eu tinha lido nos livros, eu sabia que aquilo era um elfo. Mas ele tinha dentes... afiados. “Não tenha medo” ele sussurrou para mim. Eu estava congelado, hipnotizado por seus olhos vermelhos. E num instante seguinte seus dentes estavam cravados em meu pescoço e eu lutava em vão.
Observei por mais um segundo as marcas profundas e eternas no meu rosto e no meu pescoço. Agora eu lembrava porque o espelho estava no guarda-roupa. Fechei a porta do meu guarda roupa com um estrondo, e voltei a dormir, quem sabe eu me viria livre daquele pesadelo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Vazio, silêncio e solidão.



Onde enfiar tanta dor? Uma pessoa só não é o bastante. E não é exagero como vocês pensam. A realidade é a pura tragédia mesmo. Não tenho a quem recorrer... O peito queima e as lágrimas escorrem. Nada está ao meu alcance agora. Ninguém me estende a mão. Não avisto a ajuda. Estou presa dentro de mim mesma, sem chave. E meu corpo pega fogo, minha garganta ferve ódio. Os olhos são vazios, sem esperança e sem fim nenhum. A boca clama por socorro, treme medo, seca como as folhas no outono. A pele branca como as páginas de um livro, fria como a neblina, intocável como o ar. O corpo oco, sem alma. A carne podre.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diga adeus, Romeu.



Gritos vindos do meu sótão. Que inferno! Será que isso não terá fim jamais? Logo eu, que sempre vivi na escuridão silenciosa e sufocante, agora estava cercada de vozes que imploravam meu perdão. Imploravam por ajuda. Eu até poderia poupar-lhe a vida, mas eu quero, eu preciso de um minuto de paz, e enquanto ele continuar respirando, eu nunca terei. Alguém nesta casa irá morrer esta noite, e ainda não é minha hora.
“Socorro, socorro! Alguém me ajude!”. Como ele era patético. Eu não entendi como aquele miserável ainda tinha forças para gritar tão alto, pois ele estava trancafiado ali havia três dias, sem comida ou bebida. Só ele e seus machucados. Pensei que ele morreria rápido, mas é mais forte do que pensei, o que é até bom, pois agora ele pode provar do próprio veneno, pode ter a chance de sofrer tanto quanto eu sofri quando ele me abandonou na escuridão.
A sala estava fria, e o sofá antigo já não era tão confortável. Minhas costas doíam e minhas pernas latejavam. O pêndulo no canto da sala soou, informando-me que já era meia-noite. A hora tão esperada. Levantei-me do sofá com esforço e segui caminhando lentamente para a cozinha. Abri a única gaveta inteira naquele armário caindo aos pedaços, mas não havia nenhum talher ali, e sim uma pistola. Uma glock 17, calibre 9mm para ser exata. Meu pai era militar, isso talvez explique minha paixão por armas de fogo. Mas naquela pistola só havia uma bala, que já tinha destino certo.
Subi lentamente a escada, e a cada degrau que eu subia, os gritos iam se silenciando calmamente, enquanto a madeira rangia cada vez mais alto.
John, meu irmão mais novo, estava de vigia na porta. Ele me abraçou e senti seus lábios tocarem minha bochecha. Senti seu corpo definido apertando o meu, quando foi que ele tinha crescido tanto assim? Eu podia sentir a tensão no seu abraço.
– Tudo bem John, tudo acabará esta noite e amanhã será uma nova vida. – sussurrei ao seu ouvido. Ele apenas afirmou com a cabeça, destrancou a porta e me deu passagem. Entrei naquele lugar escuro e logo pude localizar seus olhos. Azuis. Lembrei-me de quando mergulhei naquela imensidão azul sem saber o que me aguardava. Seus olhos faiscavam em minha direção, e eu não entendi o significado disso. Encostei a porta, sem tirar os olhos dele. Pude ouvir John descendo a escada.
– Olá querido – ele estava tremendo. E ele estava chorando. – Não tenha medo, meu amor. Será muito rápido e todo esse sofrimento irá passar. – Acho que eu falava isso mais tentando convencer a mim mesma, do que a ele.
Apontei a arma em sua direção, mas algo me deteve. Aqueles olhos avançavam para mim. Sua respiração, eu já podia sentir, estava forte e quente. Vi seus olhos se fechando, e os meus também, instintivamente. Um segundo depois, nossas almas estavam sendo trocadas mais uma vez, e o fogo nos consumia. Mas a dor ainda dominava meu peito, e o desespero de que toda a dor acabasse de uma vez, falou mais alto. Encostei o cano em seu peito, enquanto nossos lábios se consumiam no fogo e no gelo. Um disparo, o tiro certeiro. Ele estava caído aos meus pés, para sempre. O melhor beijo da minha vida. E então eu pude estar mais uma vez com meu melhor amigo: o silêncio.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Diário de um cão.

1ª semana:
Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!

1º mês:
Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!

2 meses:
Hoje me separaram de minha mamãe. Ela estava muito inquieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova “família humana ” cuide tão bem de mim como ela o fez.


4 meses:
Cresci rápido; tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como “irmãozinhos”. Somos muito brincalhões, eles me puxam o rabo e eu os mordo de brincadeira.

5 meses:
Hoje me deram uma bronca. Minha dona se incomodou porque fiz “pipi” dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para agüentar.

8 meses:
Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido… Acho que a minha família humana me ama e me consente muitas coisas. O pátio é todinho para mim e, às vezes, me excedo, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correto tudo o que faço.!

12 meses:
Hoje completo um ano. Sou um cão adulto.
Meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim!!

13 meses:
Hoje me acorrentaram e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra.
Dizem que vão me observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está acontecendo.

15 meses:
Já nada é igual… Moro na varanda. Sinto-me muito só. Minha família já não me quer! Às vezes esquecem que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho teto que me abrigue…

16 meses:
Hoje me desceram da varanda. Estou certo de que minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. Meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear em sua companhia!Nos direcionamos para a rodovia e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. “Ouçam, Esperem!” lati… se esqueceram de mim… Corri atrás do carro com todas as minhas forcas. Minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego e eles não paravam. Haviam me esquecido.

17 meses:
Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu lhes agradeço com o meu olhar, desde o fundo de minha alma. Eu gostaria que me adotassem: seria leal como ninguém!
Mas somente dizem: “pobre cãozinho, deve ter se perdido.”

18 meses:
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus “irmãozinhos”. Aproximei-me e um grupo deles, rindo, me jogou uma chuva de pedras “para ver quem tinha melhor pontaria”. Uma dessas pedras feriu-me o olho e desde então, não enxergo com ele.

19 meses:- Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas me mostram a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.

20 meses:
Quase não posso mover-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um me jogou! Eu estava no lugar seguro chamado “calçada”, mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Quisera que tivesse matado! Mas só me deslocou as cadeiras! A dor e terrível!

Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho..

Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal; fiquei num lugar úmido e parece que até o meu pelo esta caindo…Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: “não chegue perto”. Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz me fez reagir. “Pobre cãozinho, olha como te deixaram”, dizia… junto com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: “Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio”. É melhor que pare de sofrer”.

A gentil dama, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria…

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

The Darkness

É como se eu estivesse num poço bem fundo, no meio da escuridão, e a cada dia que passa, esse poço fica um metro mais fundo. Não há solução, ninguém pode me salvar. Não gaste suas palavras comigo, eu acabei ficando surda depois de tanto tempo sentada aqui sozinha. Não gaste seus afagos comigo, pois eu fiquei insensível depois de tanto tempo sem me mover. Não tente me fazer falar, porque eu perdi a voz quando eu caí nesse abismo. Não se faça de inocente, nem de bonzinho, porque isso é uma coisa que você com certeza não é. O diabo tem várias faces. Talvez o inferno não seja tão ruim quanto parece. Talvez eu apenas preciso de me livrar desse fantasma que me assombra: você.


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fluorescent Adolescent - Apresentação


Olá, sou a Jess Cherry, capricorniana, 17 anos, curitibana. Amo escrever, liberto meus pensamentos em um pedaço de papel ou numa página da internet. Expresso minhas opiniões e meus sentimentos. Quero viver a vida, mesmo que seja difícil, preciso superar os obstáculos.

Obrigada por ler.