sábado, 16 de abril de 2011

Fome

Eu podia sentir seus dentes penetrando cada vez mais fundo em meu pescoço, sugando meu sangue. Eu sentia suas mãos geladas, sem vida, segurando minha cintura, e era isso o que me mantia em pé, pois minhas forças estavam indo embora junto com meu sangue. Uma ardência começava a me incomodar, por todo meu corpo, e um desejo insaciável de morte tomou conta de mim. Até tudo escurecer. Tudo estava calmo demais, silencioso demais. Algo estava muito estranho ali. Será que eu tinha morrido? De repente a ardência voltou com muito mais intensidade do que antes, trazendo a dor consigo. Minha garganta queimava, anseava por algo que eu não sabia o que era. Não sei por quanto tempo eu fiquei assim, mas chegou um momento em que tudo cessou. Pude ouvir uma movimentação a minha volta e eu fiquei em dúvida se arriscava abrir os olhos ou continuava em minha paz mental. Achei a segunda opção muito egoísta, então resolvi abrir os olhos. Meu estômago roncou alto, implorando por comida... Não, não era comida o que ele queria. Ele queria sangue. Mas fui mantida no lugar por dois pares de olhos profundos, que me encaravam e por uma voz aveludada pela qual eu viveria a eternidade.
— Bem-vinda a sua nova vida.

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