domingo, 9 de outubro de 2011



Corpos anoréxicos mexiam-se lentamente ao som de uma música que realmente não pertencia àquele ambiente - talvez fosse John Lennon. As máscaras de cristais rasgavam sua pele, fazendo com que o sangue escorresse por seus pescoços e manchassem seus trajes tão apertados ao corpo, que era possível ver nitidamente suas costelas. As estrelas choravam, mas não derramavam as lágrimas que não tinham, choravam arte sobre a dança demoníaca. A atmosfera pesada que os convidados daquele baile de máscaras emanavam, faziam com que o oxigênio fosse consumido pelos anjos caídos que ali depositavam suas auréolas vencidas, suas asas quebradas. O ápice da música atingira em cheio o centro de seus corações, arrancando os cristais de sua face, o fogo brilhando no local onde eram para estar seus olhos. As maçãs do rosto tão marcadas pela extrema magreza, que a aparência cadavérica lhes revelava verdadeiros demônios. Talvez não demônios, mas também certamente não eram humanos. A humanidade é egoísta, gananciosa e orgulhosa. Eles eram vaidosos, doces e belos - uma beleza excêntrica, porém ainda bela. O fogo se apagava, as estrelas ainda derramavam arte e a escuridão tomara os buracos dos olhos, de adultos à crianças, assim que a canção parou, trazendo à tona a simplicidade das trevas dominada e comandada pelas estrelas cadentes de fogo. Do demônio.

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