domingo, 9 de outubro de 2011

Pesadelo?


Suas mãos tremiam descontroladamente, mas a faca permanecia firmemente presa entre seus dedos, sendo pressionada com uma força que ele mesmo desconhecia. O sangue escorria pela superfície prateada e gotejava sobre uma poça formada sobre o carpete velho da sala de jantar. Dois olhos na escuridão refletiam o medo da pequena criança, que encolhida no canto do cômodo, aguardava, com lágrimas rolando silenciosamente pelo seu rosto, o momento de sua morte. Soluçava alto cada vez que recordava a cena que vira alguns minutos atrás: seus pais estirados sem vida sobre a cama encharcada de sangue. Agora seu olhar estava fixo naquele homem de vestes pretas e máscara que segurava uma faca que provavelmente assassinara sua família.
A tábua do assoalho rangeu assim que o sujeito mal encarado deu um passo em direção ao garoto, que se encolheu mais um pouco - mesmo que isso parecesse impossível de acontecer. Os olhos que há pouco brilhavam, desapareceram em meio ao breu. O assassino aproximou-se lentamente do menino, até que pudesse sentir sua respiração ofegante. O garoto tremeu em um ligeiro calafrio, e já esperando há algum tempo, decidiu abrir os olhos para verificar se o homem ainda estava por ali. Assim que suas pálpebras se abriram, a luz invadiu sua mente, fazendo com que ele piscasse rapidamente para que tudo entrasse novamente em foco. Ele estava de volta em seu quarto e o sol brilhava alto num céu sem nuvens. Calçou suas pantufas ao pé da cama e rumou para o corredor, rezando para que tudo tivesse sido apenas um sonho ruim. Parou em frente a porta de madeira, onde ficava o quarto de seus pais.
— Mamãe? - sua voz saiu rouca e trêmula. - Papai?
O silêncio foi tudo que obteve como resposta. Uma gota de sangue pingou da maçaneta, enquanto lágrimas brotavam mais uma vez em seus doces olhos.

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