Corri desesperadamente a procura de um balde, prevendo o que estava por vir. Um rapaz (e que rapaz! Seus olhos eram mais azuis do que a imensidão) me observava, com uma expressão astuta, porém demonstrando um fio de preocupação. Lógico, tropecei em algo que passou rapidamente por meu campo de visão e acertou-me em cheio na testa. “Quero morrer.”, pensei.
— Você ta bem? – oh meu Deus, morri mesmo e agora um anjo está falando comigo! Abri os olhos e quase tive um infarto. O deus grego dos olhos azuis estava falando comigo. O que ele vira numa tonta como eu? Ou apenas estava com dó... ou quem sabe ele realmente me achara um pedaço de mau caminho. É, acho que não.
— To bem. – Joguei-lhe meu sorriso-sedutor-laçador-de-homens, mas não deu muito certo, a julgar pela careta discreta que ele fez ao receber todo o impacto de minha não-beleza.
Mais uma vez senti o desconforto em meu estômago. Corri para a beira do navio e soltei tudo o que havia almoçado mais cedo. Droga, não devia ter comido milho, alguns ficaram no meio do caminho.
— Você realmente está bem? – Como ele era atencioso, me apaixonei.
— S-sim. – O milho ainda parado na garganta me fez gaguejar, droga. – Navegar me dá enjôo.
— Mas o navio ainda está ancorado.
— Ah... – Ele também se apaixonara por mim, eu sabia! Mas agora eu tinha gosto de vômito na boca, como eu iria beijá-lo? Não precisei preocupar-me mais com isso, pois ele vinha lentamente trazendo seus lábios em minha direção, sinal de que o vômito não importava para ele e então...
— Você ta bem? – Tudo está escuro... o que aconteceu? Quem apagou a luz? Porque ele insiste em perguntar se estou bem? Ah, eu estou de olhos fechados. Senti uma dor de cabeça surgindo, e novamente o vi em minha frente.
— Hã? – foi tudo o que saiu da minha boca.
— Você tropeçou, bateu a cabeça e desmaiou... Você se sente bem?
— Sim... eu acho. – Quer dizer que ele não ia me beijar? Eu realmente quero morrer.
— Então ta bem. – Ele soltou minha cabeça com uma delicadeza inconfundível, aumentando por completo minha dor de cabeça. Aposto que quem estava no cais tinha ouvido o som da batida. Fechei os olhos novamente e permaneci ali, completando com meu sonho com o deus grego, enquanto beijava o chão.
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